Giro Vegetariano

Para completar toda a estranheza vivenciada por mim, eu sou vegetariano, isso desde criança, imaginem a cabeça de meus pais, um filho vegetariano se enveredando pelo pluralismo religioso. Por sorte minha mãe nunca me obrigou a comer carne, lembro claramente de dizer não, tirava do prato ou deixava de lado, meu pai cismou algumas vezes, até forçou, quando viu que meu desejo por não comer carne nenhuma era maior, acabou deixando de lado, isso lá com os meus 3/4 anos de idade. Enquanto outros pais forçavam seus filhos ou arrumavam um jeito de a criança se acostumar com esse tipo de "alimento", os meus a cada ano foram se adaptando a essa realidade, não me olhavam com cara feia, muito menos perguntavam se sentia fraco por não comer, coisa frequentemente perguntada a mim, como as pessoas tem uma falsa idéia do que é alimento ou sustento. Minha mãe ia no médico, o doutor dizia para deixar que eu vivesse assim, que não tinha problema eu não comer (raro demais de acontecer). Quando penso nisso, as vezes começo a rir, como um pai, uma mãe e um médico dão ouvido a uma criança, ainda mais quando o assunto é alimento. Não foi fácil ter uma infância vegetariana, até hoje quando falo que sou, as pessoas se assustam, antigamente então... era o esquisito, logo associavam com a religião, achavam que eu era adventista, isso acontece ainda.

Não entrava na minha cabeça que comer carne era algo bom para o ser humano, tanto que não sei nem sabor de muita carne. Fui comer na adolescência por socialização, uma vez comi bobó de camarão, comi não... engoli, que horrível... foi na casa do avô de uma amigo meu, convivia mas nunca tinha dito que não me alimentava disso... quando falei, foi um choque, a mãe de um chegou a pensar que eu tinha nojo da comida dela, pode, as pessoas tem essa falsa concepção. Me torturei outras vezes, não dá nem para acreditar, uma tortura foi pesada, uma amiga me convida pra jantar num restaurante de comida nortista, o prato era Pato no Tucupi - nossa! O que era aquilo! - na segunda garfada dei um tapa na mesa, disse que não podia comer mais por ser vegetariano, minha companhia disse que poderia ter falado, que iria entender. Para não querer ser estranho a um grupo, fiz isso só 3 vezes. A outra tortura, foi meio que uma brincadeira, comi um MC Fish, mas aquilo não é carne... mas foi só duas mordidas e com muito queijo. Dei um basta, não iria fazer isso nunca mais e não fiz.

Ia me esquecendo, como queijo um pouco demais, qualquer tipo, dos exóticos aos tradicionais, como gosto, mas leite comum não tomo, só derivado ou misturado em alguma coisa, tipo bolo, puro nem pensar, quando bebia era com achocolatado, quando bebo é leite em pó, na verdade é achocolatado com leite em pó, não o contrário, taí outro vício, mas não sou de comer diariamente, chocolate e variações, como estou falando de alguns "pecados" irrecusáveis, viver sem sorvete não dá, em qualquer estação é algo que não falta, tudo bem que no estado onde moro, ES, é verão quase o ano todo, se fosse no sul não seria diferente, sorvete é bom demais.

De uma coisa eu tenho certeza, se tivesse dinheiro, seria um vegetariano quase radical, não comeria mais da metade do que como, ser vegetariano sai muito caro, os alimentos a base de soja não tem um preço atrativo, se for incluir produtos totalmente orgânicos então, terei que ter um salário de um mega executivo de uma grande corporação. É uma vergonha o Brasil ser um dos grande produtores mundiais de soja e os produtos a base dela terem um preço tão elevado, o mais triste é saber que ainda se associa soja a comida animal, já que antigamente era assim, ainda é, mas tudo é questão de hábito, se acostumar, o brasileiro precisa se alimentar desse grão, como é no japão. Ao paladar confesso que é um pouco amargo a primeira vista, mas tudo é uma questão de preparo, assim como a carne, já que ela, acredito e ouço dizer, só é boa devido aos temperos e condimentos, ninguém sai por aí caçando boi e comendo sem preparo como um animal, tem o bife que é feito meio que assim, a caça é no açougue, é a única forma de carne que tenho nojo mortal, o restante convivo numa boa, a de peixe (saudável menos nociva ao organismo) e frango nem me espanta tanto, a vermelha confesso, passo longe.

Se no passado não me deu vontade, não será hoje que me torturarei comendo. É evidente que ficaria imensamente feliz de viver um mundo livre da ingestão de carne animal e seus derivados, mas não posso pensar assim, seria um fundamentalista vegetariano, e qualquer ato fundamentalista eu abomino, tenho amigos radicais, verdadeiros xiitas alimentares, que condena quem come, que tem nojo de quem se alimenta de carne. Infelismente, gente extremista tem em todos os "ismos".

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